Momentos Difíceis!

Quando já estava tudo pronto para eu sair do Brasil e deixar minha família, trabalho e amigos eu sabia que seria difícil e doloroso, estava me preparando todos os dias um pouco, sofrendo em silêncio no quarto e chorando no banho pra ninguém me ouvir hehehe.

Minha mãe me dizia “Nossa Preta, como seus olhos estão vermelhos”e eu respondia, “Caiu sabonete nos meus olhos mãe, não é nada”. Pois se estava difícil pra mim, pra minha mãe estava mais ainda.

Porém o que eu estava sentindo era completamente diferente, queria dizer mãe, está doendo pra dizer Até Logo! e deixar a todos, estou com medo e não sei se quero ir agora. Mas eu sabia que tinha que seguir em frente e assim o fiz e foi com medo mesmo.

Quando cheguei em New York eu fiquei muito feliz, estava vivendo o meu sonho e tudo era novidade, mil novos desafios e superações e vivo isso até hoje, porém quando o silêncio da noite chegava era o pior momento, pelo menos foi pra mim.

A noite tudo fica quieto e os pensamentos me levam as pessoas amadas que estão longe e isso dói, porque você pensa, poxa, será que estou fazendo certo, por que machuca tanto viver algo bom, que preço alto é esse que eu paguei, tá valendo a pena?

A tecnologia ajuda, abranda a dor e a saudade, mas também te lembra o quanto é bom bater papo com os irmãos e irmãs e isso vai machucar um pouco, pois quando você está naquele momento conversando, você quer poder estar perto, abraçar, sentir o cheiro, quer ter o carinho daquela pessoa tão especial e isso vai doer.

Estou há quatro meses longe de casa e ainda não me sinto construindo um novo lar, estou morando em apartamento de temporada e nenhum móvel que tem aqui dentro foi escolhido por mim, não tem minha identidade, não tenho meu quarto e minha privacidade que eu tanto amo.

Incomodo, essa é a palavra, tudo incomoda, o quadro que vc não gosta, não poder assistir aquilo que você tanto quer, ler livros no seu cantinho tomando uma xícara de chá e sem interrupções, poder ter sua privacidade, poder ser você mesmo.

Sei que estou passando por momento de adaptação e tenho ajuda do meu namorado que está aqui comigo, mas a dor e o incomodo dele não é muito diferente da minha, ele só não é de demonstrar muito, talvez seja algo de quem teve treinamento militar né hehehe.

Eu sou o coração da relação e ele é o cérebro, temos um longo caminho a percorrer neste desafio que escolhemos enfrentar juntos, mas de uma forma ou outra, o sofrimento existe e acredito que os anos não tornam as coisas melhores, como dizem sobre a morte, com o tempo passa, mas não é verdade, a pessoa que diz isso só não perdeu alguém que ela realmente amava, digo isso porque já se passaram 32 anos da morte do meu pai e olha que minhas lembranças dele são limitadas e não tem um dia que eu não pense nele e no quanto eu queria ter tido mais tempo com ele.

Isso se aplica a distância das pessoas que amamos e nem falei dos meus sobrinhos, sou tipo tia coruja e tenho o prazer de ter 9 sobrinhos lindos e vi todos crescerem, alguns mais de perto do que outros (infelizmente) não tive a sorte de ter todos muito próximos por diversos fatores adultos da época, adultos podem ser realmente bem complicados, porém deixar de ter contato, mesmo que as vezes com eles, me doeu.

Foi uma escolha, eu sei, todos fazemos, porém quero compartilhar com vocês como foi os primeiros meses e ir atualizando minhas experiências, pode ter alguém lendo isso e que esteja pensando em mudar algo na vida e talvez eu ajude em algo, dizendo que ter medo tá tudo bem, mas que isso não pode te paralisar, pois a única pessoa que vai sofrer por não ter tentado é você mesmo.

A saudade, o medo, a dor, tudo isso vai se transformando com o tempo.

Você vai se tornando mais resistente e tudo ao seu redor vai se tornando mais prazeroso e os dias mais felizes e positivos.

Algo que eu sempre repito é: Sonhe até se tornar realidade e sempre continue, independente das opiniões e apoios alheios, lembre se o SONHO é seu!

E isso foi um pouco do que eu enfrentei por ter decidido sair da minha zona de conforto e ir atrás dos meus sonhos.

No próximo post vou falar um pouco das dificuldades práticas do dia a dia, como idioma, ser imigrante, casa e também das coisas positivas, porque no caminho não existe somente pedras, há várias coisas positivas e que faz tudo valer a pena.

Até breve!